"Em tudo isso há sempre a vontade, quase a obsessão, que põe em prática com uma lucidez e um encarniçamento assustadores, de comprovar a suspeita de que toda felicidade se erige ao redor de um núcleo de dor intolerável, de uma chaga que a felicidade talvez esqueça, eclipse ou embeleze até torná-la irreconhecível, mas que jamais conseguirá apagar - pelo menos não aos olhos dos que, como ele, não se enganam, não se deixam enganar, e sabem muito bem de que subsolo sangrento procede essa beleza. E sua tarefa, a dele, que não se lembra de tê-la escolhido, mas que sem demora a adota como missão, é limpar as frondes que a ocultam, trazer o escuro ferimento à luz, impedir a todo custo qe alguém, em algum lugar, caia na armadilha, para ele a pior que se possa imaginar, de acreditar que a felicidade é o que se opõe à dor, o que se dá ao luxo de ignorá-la, o que pode viver sem ela."
História do Pranto, Alan Pauls
segunda-feira, dezembro 22, 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário