segunda-feira, outubro 20, 2008

educação física sentimental

Há momentos que requerem certa flexibilidade d’alma. Quero dizer, algo como o ensejo de sentir-se alegre e triste, ao mesmo tempo. Os filósofos da pequenice me lembrariam: o oposto de felicidade é infelicidade, de alegria, tristeza. Logo, como cabem sentimentos diametrais num mesmo ser? Pois aí fazem sentido as flexões. Não é em toda ocasião que se pode rir e chorar ao mesmo tempo, para usar os exemplos mais fáceis. Torna-se uma atividade necessária no cotidiano flexionar-se. Expressar e sentir, em uníssono, alegria e tristeza exigem destreza no gesto de torná-las um só sentimento (o myspace chamaria de moroso, escolho nome algum). Outra possibilidade é isolar um dos dois. Em restaurantes, com semi-desconhecidos, alegria-alegria. Em casa, sozinho, tristeza.

Quaisquer atividades d’alma mencionadas acima demandam um esforço metafísico além do que se prevê no dia-a-dia. Ao tardar da noite, tantas flexões acabam por minimizar aqueles sentimentos tão-tão intensos. A dormência toma conta, o sono vem. Nos próximos dias com certeza mais flexões d’alma serão necessárias para se conseguir dormir.

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