sexta-feira, outubro 10, 2008
a arquitetura do quarto é complexa, mas brevemente explicarei como as circunstâncias se deram. há um espelho na parede paralela à da cama. não está em uma posição que basta eu existir para me olhar. no entanto, ao colocar o computador ao lado da cama, basta que eu levante os olhos para me ver. a luz branca que emite o notebook não beneficia ninguém, preciso dizer. e a tela do computador impede que se veja mais que o rosto. quando em quando, então, levanto os olhos. foi assim que descobri, que seja, uma ruga no lado esquerdo dos lábios. ou talvez seja uma covinha aprofundada pelo excesso de sorrisos dados ao longo do tempo. ambas as causas, e seus resultados, me incomodam. lembro do curinga, 'why so serious', e é como se o tempo fosse tão irônico a ponto de me trazer uma marca de expressão por sorrir - coisa que, convenhamos, não faço tanto. tento me convencer que só o lado esquerdo está assim, acentuado, por que é onde a luz bate mais intensamente. é onde fica a única janela do quarto. a intuição me diz que não. é real. e então abaixo os olhos para escrever qualquer coisa que justifique a ironia deste sorriso fabricado pelo tempo.
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