segunda-feira, maio 21, 2007

açúcar

Misturar com a colher exigia força, a massa era consistente. Os pedaços de chocolate e nozes, mesmo cortados com a intenção de serem minúsculos, atrapalhavam o movimento. Ela se esforçava. Via pedaços escuros se perdendo por entre a massa amarelada. As mãos doíam, as costas também. Estava na mesma posição há mais de quinze minutos, curvada, olhando para baixo. Aquela massa, aquele doce, a dificuldade. A dor nas mãos de alguma maneira a lembrou que o prazer dolorido seria inteiramente recompensado quando ela visse os olhos dele. Azuis, ele todo azul. E o sorriso, sempre meio tímido, mas muito sincero, de quem se surpreende com um agrado. O açúcar era a maneira dela de compensá-lo por todas as dores que o fazia sentir, pelas suas falhas e erros.

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