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Nunca ninguém tinha tentado poupá-la de uma forma altruísta. Muitos tinham tentado, mas desistiram ao perceber que teria de abrir mão de algo. Ele não. Ele dizia com palavras claramente elaboradas: "Não quero que você me ame. Preciso ir embora desta cidade, não quero que você chore por mim". Ela estava atônita com o que acabara de ouvir. Estava lisonjeada também, mas deu um suspiro e respondeu: "Do meu coração, cuido eu. Sei onde estou. Eu te amo, você vai embora e eu sinto falta, mas me viro". Ele, mais atônito que ela, não entendeu aquela declaração de independência.

Eu sou forte, Eldemar. E se você gostar de mim, sou ainda mais. Então não se preocupe, eu cuido do meu coração.
/fim de dois mil e três.

Muito menos por qualidade, mas mais por importância. Como isso se encaixa bem na presente situação após dois anos e meio! No começo, ele é quem pensava ir embora. E talvez isso também tenha me impulsionado a querer meu destino longe daqui. Mas desde o começo, sabíamos que não seria eterno por que nossos caminhos se desencontrariam. E desde o começo, escolhemos ficar juntos de qualquer forma. Escolhemos nos conhecer, escolhemos deixar que as coisas ficassem mais sérias, escolhemos estar onde estamos. Não tenho um arrependimento, eu sabia tudo desde o começo. É estranho, mas reconfortante. Ele sempre me fez cuidar de mim, sempre cultivou meu interior. Ele me ajudou a tirar as amarras que eu mesmo queria usar. Nenhum arrependimento, só lembranças boas.