quarta-feira, janeiro 25, 2006

Solidão

Todo dia eu acordo mais tarde. Tarde como dez da manhã, onze, ou meio dia. O dia já começou para todos em casa e para quase todos na rua. Enquanto escovo os dentes, limpo o rosto e tomo meu café da manhã, a família está a todo vapor, cozinhando o almoço, trabalhando em qualquer coisa. Trabalhando. Inclusive ele.
Voltar a dormir após o almoço é quase impossível. Voltar a dormir duas horas após ter acordado de um sono de dez horas? Acho que não. Então, espero. Qualquer coisa que possa valer a pena deve demorar no mínimo umas cinco horas até começar. Um cinema, amigos, namorado, restaurante, bar.
Durante esse tempo, ligo para ele várias vezes. Para falar bobeiras, para falar da borboleta amarela que vi ontem e tinha me esquecido de contar!, para contar as novidades do dia vazio, os novos planos, os pensamentos, qualquer coisa. Qualquer coisa vira desculpa para uma ligação, pois a voz dele é passaporte para fora do mundo tedioso de fazer nada o dia inteiro. A voz dele trabalha e me devolve algum ânimo. Mas não que algum dia ele vá entender isso, afinal, ele não tem descanso.
Amigos não preencheriam esses momentos. Sentiria-me muito fútil em passar tardes e noites rindo em volta de mesas. Muito menos um relacionamento grude com um malandro.
Isso não são férias. É solidão.

“And if you run, you can run to the Coney Island roller coaster”. Cidades fazem diferença, sim.

2 comentários:

Anônimo disse...

aqui está tudo assim também.
e eu fico brava demais. ~

Anônimo disse...

Também acordo tarde e também conto bobagens prum garoto que tenho por perto. Isso seria solidão e não férias? (vontade de conversar, bonita, que bom que voltou a escrever)

Manu
..
*