segunda-feira, janeiro 28, 2008

dos adjetivos

A insegurança dele a fizera buscar motivos concretos para gostar. Assim, elaborou a lista das partes do corpo que mais gostava (sorriso, mãos e pernas), buscou transformar as belas sensações que ele a fazia sentir em características que ele conseguisse enxergar em si mesmo (inteligência, bom humor, compreensão). O resultado era, para ela, algo estranho - a figura que pintava para ele do homem que ela amava não era em si ele, nem mesmo quem ela amava. Era uma figura falsa, que caberia perfeitamente em questionários de sites de relacionamentos.
Havia dias em que acordava ao lado do falso amante e, logo via o sorriso, pensava "extremamente bem humorado!" e logo se tornava mal-humorada, nem permitindo a ele uma palavra carinhosa.
Principalmente nos dias em que estava sozinha, sentia-se à vontade para lembrar dele como bem amava. Lembrava o coração batendo forte por andar de mãos dadas e pés nos chinelos pelas ruas do bairro, ria dos momentos embriagados e desajeitados, mas ainda assim, engraçados e... bem, não havia palavras, somente o sentir confortável, tranqüilo, como se as coisas estivessem em seu devido lugar, enfim. Como se, antes dele, tudo estivesse pairando, wandering, perdido. E, após a chegada dele, tudo resolvesse se assentar, ainda que isso não excluísse a bagunça que ele causou por mudar as coisas de lugar. É, ele, aquele, aquele que se esconde de mim, aquele a quem busco e a quem amo. Aquele é quem eu queria que estivesse aqui, com as feições impossíveis de desvendar, mas tão compreensível a mim, tão meu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Brigado por passear pelas minhas paginas brancas...

espro sinceramente a sua volta...