quinta-feira, janeiro 18, 2007

baú

Estar entre seus braços, de uma forma que não é abraço, mas cobertor. Não é carinho, mas segurança. Foi naquele dia, o dia em que te senti árvore, bloqueando chuva, vento e inimigos, foi naquele dia, já te contei? É, eu me envergonho das páginas do diário dizendo lembre-se dos motivos. Mantinha-o perto por que, ah, um dia eu aprenderia a ser árvore, um dia alguma força pulsaria em mim, algo me faria sorrir na tempestade, algo seu eu aprenderia a ser, eu teria, eu queria ser você, nos belos sorrisos, na ingenuidade, na sensibilidade infantil. Queria um pouco do seu açúcar. Mas força comigo, só é dura e amarga. Aqui a força só vem do estômago, do instinto, de jeito nenhum fantasia. Falei sobre dor, você me fez sorrir. Não uma, duas, não duas, três. De novo entre os braços, assim você me deixa, enfim, involuntariamente, sozinha, por gosto, continuando, você me deixa lembrar de você, dos meus motivos, da consistência de tudo que costuma ser tão lantejoula, tão papel, tão poema. Falei de sangue, você sorriu na inocência de quem nunca viu. E me contou de estrelas-cadentes no sentido de criança, ajoelhada pedindo. E me contou de ser você, tanto carinho por mim. E me deixou lembrar, involuntariamente, de amor, de mofo, de baú. De tudo que escondo diariamente de mim mesma, em labirintos de minotauro, embaixo de algum rio, algum lago. De amor, de baú, como me fazer sorrir diante do vermelho. Como me fazer bem, desde sempre, como árvore, como cobertor.

Um comentário:

Unknown disse...

é tão bom qto...



pra n esquecer:
é 'hemorragia', certo?!

*querido diário..
hj eu aprendi mais uma palavra.. ^^*

.)