quinta-feira, março 16, 2006

Diário de uma Desocupada

Acordei às nove e meia, sem despertador, sol ou a surpresa de um ar condicionado desligado, naturalmente. Tinha ido dormir com o pensamento de fazer panquecas para café da manhã, coisa que só aconteceria caso eu acordasse mais cedo. Levantei com preguiça, peguei a receita, uma xícara de leite. E ao procurar o açúcar descubro que aquele de ontem era mesmo o último pacote. Sem outras idéias, decidi entrar na internet. Mas o computador não presta e tive que me contentar com Spider, dois naipes, incrivelmente difícil no dia de hoje. Logo já eram onze horas e fui ler meu livro, A Montanha Mágica. Não vejo outro livro mais adequado para a ocasião. Em um sanatório, um jovem, Hans Castorp, descobre-se doente e deve seguir a rotina do lugar, que consiste em comer cinco vezes ao dia e repousar entre as refeições. Em um livro de oitocentas páginas, os momentos de ação se passam em um refeitório ou durante caminhadas. Ou seja, muito espaço para pensar. Bem assim como têm sido meus dias. Este livro tem me conquistado, além das qualidades inegáveis, por estar me fazendo companhia.
E então, almoço, temporal. Banco, guarda-chuva, farmácia, guarda-chuva, banca, guarda-chuva, casa. Cortei melancia, morri de rir da minha mãe e li li li li. Não tem jeito que eu só sou gente assim. Ainda mais neste estado de vaziez, de espera. A única coisa capaz de me acordar são linhas bem escritas e completas.
O dia ainda me aguarda mais páginas, quem sabe desta vez panquecas, um bom seriado e este tempo fresquinho gostoso.

Um comentário:

Anônimo disse...

panquecas são deliciosas. quando faço-as, lembro de ti, lembro da sua casa, do teu pai dançante, da tua mãe risonha, de um desenho tolo e do cheirinho doce de panqueca...