domingo, janeiro 22, 2006

Reação à perda

Estava receosa de visitá-lo. Tendo perdido o pai há alguns dias e não sendo muito próximo de mim, não sabia que reação seria adequada. No caminho, repetia como um mantra que a frase a ser evitada era “tudo bem?”.
Chegamos em vários. Fui uma das últimas e talvez por isso meu “tudo bem” não foi notado. O som no dvd tentava disfarçar o silêncio geral. Todos estavam receosos. E na verdade, isso me tranqüilizou. Havia pessoas preocupadas e amigas. E elas estavam lá, eram as pessoas certas.
O desconforto passou com a chegada da cerveja. O truco animou o lugar. O churrasco reteve alguma atenção. Todos estavam já à vontade, mas eu sabia que ele não.
Passaram-me várias idéias pela cabeça. Meu mais louco devaneio foi puxar conversa com a mãe e logo tornarmos amigas confidentes. Ela estava abatida, mas não parecia derrotada. E eu a admirei por estar lá em pé. Eu não estaria.
A noite toda eu o percebi cabisbaixo, mesmo participando das conversas mais animadas. No entanto, já quando estávamos de partida, percebi que a ida a casa dele não tinha o objetivo de parar a dor ou anula-la. Afinal, este é o tipo de dor inesquecível. O tipo de dor que sempre incomodará de quando em quando. Estávamos lá deixando clara a nossa presença. Afirmando que o mal estar de lidar com a dor alheia seria ultrapassado pelo valor daquela amizade. Não, não somos amigos. Mas nem precisaríamos ser. Entendemo-nos. E estou aqui.

3 comentários:

Anônimo disse...

vc é mto fofinha....
eu num tneho "cuiãos" pra escrever assim!!
ainda mais sobre um evento desse!
opa, eu tbm tava lá!
=P
te amo coisa mais lindinha

Anônimo disse...

hello darling, passando aki para prestigiar a sua come back! adoro tudo o que vc escreve! ;) masmo eu gostando bastante de white lies, a a tradução ficou boa! uaehehuaeuuh engraçado.. esse seu texto me lembra um pouco de mim mesma... ;)

Anônimo disse...

Fe...acho que o nosso papel, nos fizemos bem. ele nao quer sair de casa, entao fomos todos pra la. Vai ser assim até ele resolver sair da toca...espero que nao demore muito.
A coisa q mais me assustou no dia do velorio, foi a serenidade da d. Lilian (mae do marcelo), a calma com que ela ligava pros amigos dele avisando do ocorrido...Acho que passei a admirá-la mais ainda.

Im just glad you were there, too..e tb pq voce notou que o nosso amigo nao sera o mesmo daqui pra frente. tb tinha percebido